Durante a 33ª Semana da Comunicação da FAAP, entre os dias 14 e 17 de setembro, pudemos acompanhar diversas palestras, exposições, mostras e workshops que abrangiam as áreas de Cinema, Rádio e TV, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas. O tema deste ano foi “Entretenimento como cultura e negócio”, e uma discussão que caiu como uma luva ao assunto central desta semana foi a palestra “Mercado de Arte e Entretenimento: Produção Teatral”. Na qual falou-se um pouco da realidade de se produzir arte e cultura no Brasil. E apesar da discussão se tratar especificamente de obras teatrais, conseguimos notar muitas semelhanças com a produção audiovisual.
A troca de ideias foi mediada pela professora de Literatura e Dramaturgia da FAAP, Sandra Nunes, e contou com a presença de Iara Novaes (Diretora, atriz e professora da FAAP) e Gabriel Paiva (Produtor Cultural), componentes do Grupo Três de Teatro, que ainda tem Débora Falabella como integrante e fundadora. Os palestrantes discorreram sobre o próprio ato de assistir a um espetáculo, assim como os bastidores do teatro e os passos dados para a execução de uma peça teatral. Desde a seleção e preparação do texto, até a arrecadação de recursos, inscrição em leis de incentivo e editais públicos, escolha da locação, reunião dos profissionais e divulgação da peça.
O Grupo Três de Teatro surgiu em 2005 e sua primeira peça foi “A Serpente”, de Nelson Rodrigues e a segunda, que estreou em 2007, “O Continente Negro”, de Marco Antônio de La Parra. A mais recente,“Amor e Outros Males Hereditários”, apresentada a partir de maio deste ano, foi inspirada em três contos fantásticos de Murilo Rubião: “Três Nomes para Godofredo”, “Bárbara” e “O Contabilista Pedro Inácio”.
Segundo Iara Novaes, “mais do que ser didático, um espetáculo teatral precisa construir um código de significação que possa ser lido pelo espectador”, porém nas obras fantásticas, como as de Rubião, “alguns pontos obscuros precisam ficar sem resposta, porque senão você acabará respondendo o que na obra seria uma indagação”. Ela encerra sua fala dizendo que “a arte também tem que ser provocativa. Não só reiterar o que já tem feito, mas abrir outras portas”
Gabriel Paiva, Produtor Cultural, discutiu mais sobre a burocracia envolvida no processo de preparação da peça e das maneiras de se conseguir financiamento para um espetáculo teatral: Lei Rouanet (Lei Federal de Incentivo à Cultura) (www.cultura.gov.br), Lei Estadual (www.cultura.sp.gov.br) e Lei Municipal, editais, concursos e seleções do Ministério da Cultura ou incentivos privados, que, segundo o produtor, são raros de acontecer. Também disse que os países onde há maior quantidade de financiamentos nessa área são, em primeiro lugar, França e, em segundo, EUA.
Ao assistir a um espetáculo, nós nem sempre temos ideia da complexidade existente por trás da elaboração de uma peça teatral bem feita. Segundo Gabriel, os passos dados para que um espetáculo possa chegar ao palco são basicamente três: A escolha de um texto concluído, mesmo que tenha que passar por uma adaptação (por isso é necessária, por parte dos produtores e realizadores da peça, uma excelência literária); depois é preciso correr em busca dos direitos autorais do texto em questão; inscrição em leis, editais públicos e contato com empresas. Para então captar recursos que viabilizem a aquisição, aluguel ou confecção dos materiais necessários à peça e o pagamento da equipe e locação.
“Começamos pelo texto. Preferimos os que ainda não foram montados no Brasil ou aqueles que mereçam um outro olhar. Pretendemos testar coisas novas, ver como fica, mostrar para as pessoas.”
Posteriormente há ainda a parte da divulgação e comunicação com a imprensa. Isso se dá principalmente através da contratação de uma assessoria terceirizada.
Geralmente contratam-se três tipos de empresas de programação visual, para que a peça consiga atingir diferentes públicos: a primeira, responsável pela divulgação nas novas mídias digitais, sites de relacionamento e o próprio endereço virtual do espetáculo; a segunda, pela distribuição de cartazes no metrô, anúncios em jornais e TV, etc.; e a terceira é a que cuida do kit para a imprensa (que contém livretos com informações sobre o texto teatral, DVDs com vídeos da peça, ficha técnica, etc.) e os souvenires, para vender ao público após a apresentação das apresentações.
O site do grupo ainda está em construção, pois foi recentemente que eles decidiram criar uma página que reunisse todo o conjunto de obras do grupo, com o intuito de manter no seu repertório os espetáculos, para a divulgação e compilação de uma cronologia de todo o trabalho. Ao invés de somente construir endereços na internet para a divulgação de cada peça isoladamente.
Para quem quiser saber mais e conferir as críticas, fotos e vídeos das peças do grupo, os sites são:
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