Nicolau Gógol, ucraniano, nasceu pouco depois da Revolução Francesa e, portanto, viveu numa época de conflitos, principalmente no Império russo do Czar Nicolau I. Em 1836, Gógol escreveu para o teatro a peça O Inspetor Geral, que não foi recebida bem, isso por que a corrupção e a mediocridade dos políticos e administradores públicos nunca havia sido exposta no teatro antes, e O Inspetor Geral só não sofreu maiores censuras devido a proximidade entre o escritor e o Czar da Rússia.
Gógol não pretendia ser um ativista político quando escreveu tal peça, ela apenas pretendia seguir as palavras de seu poeta amigo, Púchkin, “Crie personagens russas, personagem da nossa casa, como nós! Percorra nosso país, em todos os sentidos, tão vasto; quanta gente respeitável, quantos espertalhões que pertubam a vida de tantos e nenhuma lei os pune! Que toda a população possa reconhecer! Que todos riam deles! Oh, rir é uma grande coisa! O homem não teme nada quando ri!”. Foi assim inspirado que Gógol escreveu o Inspetor Geral, que nos dias atuais já sofreu diversas adaptações. Uma delas foi a que assisti.
Na peça é contada a história de um vilarejo que receberá a visita do Inspetor Geral. Apavorados com a idéia de que um representante público superior poderia descobrir os podres da cidade, todos seus administradores, prefeito, juiz, diretor do hospital, chefe da escola, entre outros, se reúnem para tramar um meio de distrair o Inspetor Geral, e, assim, afastá-lo de seu objetivo principal, inspecionar. É quando surge na cidade um viajante chamado Ivan Aleksándrovitch Khlestakov, ele se vê no meio de tal situação e decide tirar proveito da mesma, logo, começa a se passar pelo Inspetor Geral. Criando uma confusão generalizada, principalmente quando o verdadeiro Inspetor Geral chega na cidade.
Todo este roteiro foi feito de modo que a fosse exposta ao pública uma história hilária que ao mesmo tempo era considerada uma crítica à impunidade, à delação, à corrupção, entre outros.
A peça apesar de conter todos os princípios clássicos do roteiro original, foi transferida para os dias atuais, assim, figurinos e cenários eram bastante contemporâneos, como também eram as linguagens utilizadas pelos atores.
Infelizmente o espetáculo não está mais em cartaz. A peça teve curta duração, foram apenas seis apresentações, nos dias 20, 21 e 22, as 19horas e as 21horas, no Teatro Macunaíma.
Ana Luiza Casali.